A pedrada dos bateristas com os dias contados...

Pois é amiguinhos, se a música já passa por crise em tempos atuais, imaginem só a bomba que pode estar por vir. Claro, a música feita "analogicamente", estudada, trabalhada com um som puro e de verdade, dá de dez à zero em samplers digitais, mas eu como músico percebo, que a cada dia que passa se torna cada dia mais cansativo e estressante arrumar músicos que se comprometam em fazer música, por amor à arte, amor à linguística, ao poema e etc.

Acabei de ver uma sessão de vários vídeos da "V-drum" uma linha de baterias eletrônicas da "Roland" aonde bateristas juntamente com samplers, fazem demonstrações de habilidade e técnica, mas você pode se perguntar o que é exatamente um "sampler" pois bem... "Sampler nada mais é do que um equipamento que permite a reprodução de amostras de áudio (Samples). Imagina você gravar a voz de alguém cantando todas as notas da escala de dó e passar essa gravação para todas as teclas de um teclado. Você apertaria a nota dó do teclado e imediatamente acionaria aquela amostra do som que foi gravado." - Basicamente isso. O cenário dessas apresentações "free style" são de montagem bem simples, não tem nada mais do que uma bateria semi-acústica (mais eletrônica do que acústica) ligado à 2 samplers (ou quantos tantos o baterista preferir) e ali acionando alguns botões ele tem linhas de baixo, riffs de guitarra, linhas de vocal entre tantos outros acessórios que ele pode inserir que facilitam o baterista em sua performance. 

Muitos podem ver isso como apenas mais uma ferramenta e etc, mas, se você parar bem pra analisar, mais uma vez a tecnologia vai distanciar os humanos uns dos outros, porque com isso o batera pode montar vários "tracks" sozinho em casa, e a tão famosa e clássica montagem de banda, irá desaparecer em grande escala, uma vez que apenas com uma bateria eletrônica e samplers o cara pode fazer "tracks" de uma banda toda, mantendo-as no sampler.

Porque venho escrever isso? O que isso tem haver? Acompanhe o raciocínio  Sou adepto do que é clássico, adepto da comunicação entre os seres e penso que se entrosar é preciso, gosto de ter que ensaiar com baixo elétrico, aquele microfone que ruim que prolifera microfonias deixando quase todo mundo surdo, do guitarrista demorando dez mil anos até conseguir afinar o teu instrumento e do baterista que fica aloprando todo mundo com seus batuques frenéticos e barulhentos, mas isso é vida, isso é enérgico, é algo que constrói não apenas uma amizade, mas sim um aprendizado, uma conduta de vida, de socialização que a tecnologia vem sugando pouco a pouco da nossa juventude atual que cada vez se distância mais de fazer convenções, amizades e aprender com os mais velhos ou com as coisas mais velhas. 



Faz pouco tempo que a bateria eletrônica está se melhorando e deixou de ser aquela coisa fria com peças de borracha e sons bizarramente eletrônicos, e ela vem ganhando força de 2 anos pra cá e com essa nova maneira de fazer música, mais uma vez o jeito antigo de se produzir será afetado. Mas eu não largo o famoso jeito "old school" de ser não, aprendi assim e acho que é a melhor forma de se construir e manter uma filosofia de vida, tem coisas novas que não substituem as antigas e na minha opinião as antigas mostram realmente o valor das pessoas e a qualidade delas perante a criação. Esse texto só veio à existir, porque enquanto assistia as performances dos "bateras eletrônicos", me veio um "deja vú"... 


Espero que a rapaziada musicista ainda continue aguentando as pontas, pois tudo isso é muito inviável e artificial demais para que perdure por tanto tempo, no final das contas, nós, velhos guerreiros musicistas vamos renascer das cinzas, mostrando pra essa garotada como se faz música sem frescura de grosso calibre e com pouco recurso!


   

Comentários

  1. Isso me lembra daqueles barzinhos onde um cara comanda um teclado que toca todos os instrumentos (argh!), tenho a impressão que os ouvintes tem um certo sentimento de cornice, mesmo não sendo um.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

A Maldita! (A história da rádio Fluminense FM).

Conhecendo a nossa história musical: Entrevista com Rubão Sabino - Por Luiz Domingues

Máquina do tempo - Revista Som Três