Sociopata - 'O que não há é justiça!'
Sociopata é uma banda de Metal da cidade de Bauru interior do estado de São Paulo. A banda que lançou o seu primeiro EP intitulado 'Sociopata' em dezembro de 2013, nos contam nesta entrevista, um pouco de sua carreira e da cena underground da qual fazem parte.
Limonada Hippie - Quanto tempo existe a Sociopata?
Sociopata - Antes de tudo, obrigado pela oportunidade dessa
entrevista. A Sociopata existe
desde 2008, nascida em Bauru, mas com a formação atual desde
2012.
O principal fator que derivou o nome da banda?
O nome da banda surgiu da ideia de evidenciar fatos
comuns do cotidiano psicológico do ser humano. Não falamos sobre política,
guerra, violência ou crenças em si, mas sim sobre manipulações embutidas
nas relações humanas, a mente Sociopata
na sua condição moral de desprezo egocêntrico, no próprio cinismo e no falso
arrependimento de suas emoções superficiais.
O que inspirou o som da Sociopata em termos musicais? O som que deu 'start' na história de
vocês.
O que inspirou foi nossa vontade de fazer um som
diferente! Nós ouvíamos muitas bandas de estilos diferentes, como Meshuggah, Strapping Young Lad, Napalm
Death, Melvins, Baroness, Nevermore, King Crimson, Porcupine Tree, Ratos de
Porão e Sepultura, e cada integrante trouxe essas influências para
caracterizar nosso trabalho. Com o tempo nós lapidamos o som da
banda e, após lançar o primeiro álbum, encontramos um som mais
visceral, denso e enérgico, buscando um estilo próprio.
A banda se mantém intacta ou já houve mudanças? Se
houve, quais foram os avanços e os aprendizados adquiridos com essa
experiência.
Antes do Gustavo
Panurge, atual baterista, tivemos três bateristas, o Juninho Miguel (Artigo DZ9? / Acromo),
Maic Trash (Psicultura / Fonofobia) e o Gerson Sampaio (The Almighty
Devildogs). Também ocorreu a entrada do
Leo Sanches (Artigo DZ9?) na
segunda guitarra, sendo agora 5 integrantes, cada um com grande contribuição na
história da banda e no que somos hoje. E o aprendizado nunca para porque a
gente sempre aprende um com o outro. Todos acrescentam ideias e adquirem
conhecimento.
Pela referência do nome podemos imaginar qual é a
abordagem, mas qual a real posição de vocês perante a sociedade e a política? Como
veem a conexão entre essas duas coisas ou a falta dela?
Nossa posição frente à sociedade e a política é de
indignação e revolta, principalmente pelo fato de que a grande maioria dos
políticos que são eleitos para representá-la não estão nem ai para os problemas
das pessoas desta sociedade enquanto cidadãos. Haja vista a quantidade de casos
de corrupção que estamos evidenciando e a própria vulnerabilidade e
precariedade dos serviços e atendimentos dispostos para esta população, que
ironicamente paga os maiores impostos do mundo. Interessante frisar aqui que
indiferente do lado discursivo ou ideológico - se de direita, esquerda, centro
ou de qualquer porra de lado - destes políticos e seus partidos de
mentirinha, o objetivo deles é sempre o mesmo: a grana do trabalho da
população. Deste modo, não é o lado da sociedade, da população, do eleitorado,
do cidadão que eles estão representando. Tudo se mostra apenas como um discurso
populista vazio e repleto de demagogia e desinformação. Podemos afirmar assim
que sempre existirá conexão entre sociedade e política, e esta relação é
inerente a própria existência destas instituições, porém infelizmente
constatamos cada vez mais que nesta relação o que não há é justiça!
Vocês encontram dificuldade das pessoas entenderem
as criticas sociais que contem nas músicas da Sociopata? E o preconceito, já foram alvos desse ato por conta do
som de vocês? Como lidaram com isso? Trouxe amadurecimento, uma vez que nós
sabemos que nos meios ‘undergrounds’
contém muitos 'fãs extremistas', que se opõem a outros estilos e vertentes?
Entender a crítica social é relativo, porque a
interpretação é livre e cada um pode entender de um jeito. E relacionado a
preconceito, felizmente nunca tivemos problemas com isso, sempre fomos
muito bem recebidos aonde tocamos, sempre fazendo amizades. O máximo que aconteceu
foi alguém achar, pelo nome e identidade visual da banda, que a gente fosse uma
banda pesada, metal do mal, psicopata assassino (risos). E depois que
ouve, vê que não é bem assim, que é só uma banda pesada. Mas não somos do
mal... E nem assassinos! (risos).
Sociopata
é uma banda bastante underground (corrijam-me se eu estiver errado), e mesmo em
tempos tão digitais vocês continuam fazendo um som maciço e com qualidade. Como
é viver em tempos digitais fazendo música underground?
Sim, somos uma banda underground independente e esses tempos digitais tem ajudado muito,
não só a nossa, mas todas as bandas independentes, pois hoje é tudo mais
acessível. Toda essa tecnologia tem proporcionando as bandas um meio mais
econômico de produzir, sem depender de uma grande gravadora, e qualquer banda
consegue ter materiais de qualidade e gravar um CD fora do mainstream.
Acredito que a quantidade de festivais organizados
de maneira simples hoje em dia vem encontrando grandes dificuldades e acabam se
extinguindo por falta de corajosos organizadores, por falta de espaço ou por
falta de ousadia de muitas bandas. Como vocês veem isso? Acham que a galera
está mais cautelosa perante os rigores da repressão social?
A
nosso ver tem aumentado o número desses festivais, pelo menos aqui na região de
Bauru, ajudando a crescer a cena underground. Parece que o povo tem
desenvolvido uma curiosidade
maior quanto a bandas autorais, comparecendo mais.
Em Bauru tem o Exílio Art Pub,
que vem pregando a contracultura e apoiando as bandas de som autoral
e artistas em geral, e tem funcionado legal! Estão rolando várias bandas
autorais lá, junto com outras bandas vindas de fora, maiores, como Test, Lobotomia e Bandanos.
Em Botucatu tem o MetalStock,
muito bem organizado também. São festivais muito fodas, tudo daqui da
região e de São Paulo. Não vemos mais essa "repressão" de parte de público. Acho que, em geral, o
público está mais aberto a novos sons, mesmo que ainda existam
"extremistas" que só curtem um tipo de som, o que é cada vez mais
raro! A gente mesmo tem tocado com bandas de metal extremo, hardcore, rock, grindcore, etc. E todos nos recebem muito bem, ouvem nosso som,
prestam atenção, apoiam. A cena está aumentando, o povo está mais aberto às bandas
novas, e conhecendo melhor as bandas mais antigas. Aqui na região tem muita
coisa boa como Artigo DZ9?, Romero, Autoboneco (que tem uns 20 anos de banda), The Almighty Devildogs, Se
Fosse Eu, Escape From the World,
D.O.S., D.I.E. de Botucatu, S.I.O.D. de Avaré, Immortuos de
Marília e outras muitas...
A internet tem ajudado vocês a expandirem os
horizontes? Ou não, o mesmo meio segmentado de antes continua só que com uma
cara nova, mais atual? Vocês acham que por conta da quantidade de opção as
pessoas ficam perdidas e assim acabam por não conhecerem coisas boas? Qual a
dica de vocês para o pessoal filtrar as bobagens do 'mainstream', e conhecer bandas com trabalhos originais?
Creio que a internet só facilitou o acesso, a
distribuição, a facilidade de manter contato com
alguém que se interessou pelo
som da banda. Porém ainda existe, infelizmente, a cultura do lado A, aquilo que vende mais fácil.
Opções temos muitas e isso é bom, a música é infinita (risos), mas o interessante é você poder ouvir o que gosta e paralelamente dedicar
um tempo para descobrir bandas novas ou conhecer melhor algo que
ouviu recentemente. Filtrar bobagens... É muito relativo isso, mas é
interessante o ouvinte conhecer pelo menos boa parte dos trabalhos de uma
banda, senão o trabalho completo, para que se tenha uma real noção do que
é a banda.
Quais são os futuros planos e projetos da Sociopata?
Vamos lançar um EP em breve, com seis músicas, e já estamos trabalhando músicas
para um próximo, só não temos grana (risos). Também queremos gravar nosso
primeiro vídeo, ainda sem previsão de lançamento. Depois da gravação do álbum o
trabalho continua, vamos buscar shows pra tocar, divulgar o álbum,
atualizar nosso site.
Escute o EP dos caras em: www.sociopata.org
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