A Maldita! (A história da rádio Fluminense FM).
Olá meus amigos! Em mais uma viagem da nossa máquina do tempo, iremos voltar para o início dos anos 80 e acompanhar a história daquela que foi uma das mais importantes rádios rock do Brasil. A Fluminense FM.

Nos anos 70 duas emissoras tinham arriscado o rock. A Federal AM e a Eldorado FM ou Eldo Pop, (rádio onde trabalhava o lendário DJ já citado pelo nosso colaborador Luiz Domingues, Big Boy). Essas rádios representavam a cultura alternativa dessa época de repressão. Com uma curta trajetória, infelizmente, terminaram suas atividades no fim da década de 70.

No dia primeiro de março de 1982, em Niterói (RJ), nascia a Fluminense FM,
apelidada carinhosamente como “A maldita”, inteiramente voltada para o rock.
Além de tocar rock, a rádio se preocupava em seguir e divulgar a mentalidade
rock ‘n roll, usando a linguagem apropriada para isso.
No início a rádio não tinha uma programação muito extensa de rock nacional, devido ao marasmo que rolava na época. Por isso, fez uma parceria com o Circo Voador e a WEA, lançando a coletânea “Rock Voador”, com artistas como Celso Blues Boy, Kid Abelha, Lobão, Paralamas e Blitz, que eram bandas de vanguarda da época, com influências da new wave e da jovem guarda.
*“Em uma época sem MTV ou qualquer ensaio de internet, muitas das novidades musicais vinham de avião, através de amigos que viajavam ao exterior e traziam em suas bagagens além dos discos, algumas vídeo tapes com registros do que acontecia lá fora nos principais festivais de música. E foi assim exatamente com essa proposta que surgiu a TV maldita: eventos programados onde ocorriam projeções dos principais shows internacionais como o clássico “Us Festival”, em 1983".
A primeira compilação da rádio a ser lançada foi a “Fluminense 94,9 FM”, um LP de 12 faixas. De um lado haviam bandas de Heavy Metal, como Iron Maiden, Marillion, Jonh Lord, e do outro lado, bandas como Gang of four, Missing Persons, entre outras.
*“Em uma época sem MTV ou qualquer ensaio de internet, muitas das novidades musicais vinham de avião, através de amigos que viajavam ao exterior e traziam em suas bagagens além dos discos, algumas vídeo tapes com registros do que acontecia lá fora nos principais festivais de música. E foi assim exatamente com essa proposta que surgiu a TV maldita: eventos programados onde ocorriam projeções dos principais shows internacionais como o clássico “Us Festival”, em 1983".
A rádio lançou as fitas-demo, inclusive de bandas como
Legião Urbana, Paralamas, Capital Inicial, Plebe Rude, entre outras. Além dos
nacionais, tocavam também artistas internacionais que lideraram as tendências
da época.



A Fluminense foi pioneira por ser a primeira rádio a ter locutoras mulheres. Entre os locutores que marcaram a rádio estavam Selma
Boiron, Silvia Vieira, Liliane Yusim, Mirena Ciribelli, Monika Vinerabile, José
Roberto Mahn e Maurício Valadares. A participação de integrantes da Maldita nos
programas de TV era constante, mostrando o mundo da música e o
funcionamento da rádio por trás dos bastidores. Monika Venerabile por exemplo, uma das
primeiras locutoras da Maldita, chegou a ter um programa de TV, “Vibração”,
falando sobre música, comportamento, exibindo videoclipes e esportes radicais.

Um dos programas da época: “Rock Alive” com Mauricio Valadares e Liliane Yusim era super eclético, tocando até Clementina de Jesus. O “Módulo Especial” tocava meia hora de um mesmo artista; Já o “Guitarras”, era dedicado ao metal, punk e derivados, enquanto o “Espaço Aberto”, ao rock nacional e MPB. O “Rock twist”, ao skate rock, punk e new wave. O “Rush”, tocava soft rock e MPB.

Na década de 90 a rádio comemorou seus 10 anos com uma grande festa no Circo Voador, com o show de Midnight Blues Band, com participações especiais de Evandro Mesquita, Celso Blues Boy, Cássia Eller, Tony Platão, Serguei , entre outros. Além disso, esteve presente na divulgação do movimento grunge da época, tocando bandas como Nirvana, L7, Soundgarden e Pearl Jam.
Um pouco depois, entrou em decadência e parou de tocar rock. Voltou a tocar por um tempo por causa de protestos dos fãs em 91, e em 94
passou a tocar pop definitivamente.
Em 2002, retorna no dial FM, Já na época as primeiras movimentações de popularização da internet no Brasil, convivendo com o download e a música livre. Em 2003, houve o término da Maldita.
No ano que a rádio completaria 30 anos, houve um projeto de
resgate e preservação da memória da rádio, sendo que em sua primeira fase
apresentou uma exposição realizada no Centro Cultural Correios, (*de onde
inclusive foi aproveitada parte do material para essa matéria), e o site da
rádio, reforçando a história dessa rádio fundamental para o rock do Brasil.
E aí, qual mensagem você deixaria para uma rádio dessa importância para a história do rock e além disso, da música no Brasil? Deixe sua mensagem nos comentários!

Parabens pela materia !!! Saudades da nossa ''maldita'' que tanto inspirou a criacao do programa Classicos do Rock com Lula Siqueira na Radio Comunidade Friburgo FM 104,9 !!!
ResponderExcluirMuito legal Limonada Hippie, sou de São Paulo, mas nas minhas andanças por Parati no RJ, final dos anos 80, me deparo mudando o dial da rádio do carro e ouço Black Sabbath, logo após uma sonzeira atrás da outra.Quanta emoção, a rádio só podia ser a Fluminense.
ResponderExcluirToda vez que voltava à Parati, era a única rádio que ouvia. Muito bom relembrar.
Sou eternamente grato à essa emissora e principalmente ao seu mentor, Luiz Antonio Mello, que muito apoiou muito a minha banda, A Chave do Sol, executando o nosso som nas ondas da "Maldita".
ResponderExcluirMais que uma programação Rock sem restrições, o espírito democrático e generoso dessa emissora era total. Sem o famigerado "jabá", artistas independentes, nosso caso, tinham espaço nessa difusão honesta e antenada nos mais nobres propósitos.
Parabéns ao LH por resgatara história dessa emissora histórica para o Rock brasileiro !
Volto e meia eu estou a procura de notícias da saudosa Rádio Fluminense Fm, A Maldita, embora nós sabemos que a rádio foi extinta, mas eu, mesmo assim, fico com aquela esperança de que algum empresário brasileiro vá resgatar a rádio para os dias de hoje... Inútil!
ResponderExcluirO que ficou dessa magnífica rádio foi a saudade de uma rádio, que pensamos um dia ela vai voltar! É triste isso.
Viva Luia Antônio Mello e a Rádio Fluminense a eterna "MALDITA"!!!!
ResponderExcluirObrigado por tudo que fizeram por mim.
Volta Maldita! Volta!
ResponderExcluirAqui também, em Salvador, teve um programa cujo locutor era Marcelo Nova (Rádio Aratu) e bem mais tarde, na Rádio Bandeirantes, um programa "Só Rock Band FM". Com a popularização do BRock 80, a Rádio Transamérica aderiu ao movimento.
ResponderExcluirrock é rock mesmo. volta maldita dos anos 80
ResponderExcluirFala galera! Pra quem tem interesse tenho uma fita cassete gravada ao vivo direto do circo voador do aniversario de 10 anos da maldita . Raridade com falecida Cassia Eller e Celso Blues Boy entre outros. Nunca foi feita uma copia. Se houver interesse entre em contato atraves do 21 979104486 Whatss
ResponderExcluirSaudades dessa época programa body club de surf,Night session e etc!!
ResponderExcluirEm 1983 / 1984 ouvia "qualquer coisa" no carro do meu pai quando ele chegava do trabalho por volta das 19h (época em que era possível ouvir música sem se preocupar em ser roubado!). Acho que era uma quarta feira quando um amigo, surfista do subúrbio do Rio e apreciador de maconha (da lata) - eu também sou do subúrbio do Rio - pediu permissão para me mostrar algo diferente: A Fluminense FM "Maldita" (havia até camisas da Company). Senão estou enganado o programa se chamava "Guitarras ou Alta Voltagem" e ouvi um som marginal, bem distorcido, não entendi uma palavra sequer (não sabia nada de Inglês), mas achei algo assustador e fantástico! Então ele foi até o apartamento dele e retornou com quadro LPs: Song Remains The Same, Diamond Dreamer, Made in Europe e The Number of The Beast. Foi amor à primeira "ouvida" e que dura até os dias de hoje.
ResponderExcluirEm 1983 / 1984 ouvia "qualquer coisa" no carro do meu pai quando ele chegava do trabalho por volta das 19h (época em que era possível ouvir música sem se preocupar em ser roubado!). Acho que era uma quarta feira quando um amigo, surfista do subúrbio do Rio e apreciador de maconha (da lata) - eu também sou do subúrbio do Rio - pediu permissão para me mostrar algo diferente: A Fluminense FM "Maldita" (havia até camisas da Company). Senão estou enganado o programa se chamava "Guitarras ou Alta Voltagem" e ouvi um som marginal, bem distorcido, não entendi uma palavra sequer (não sabia nada de Inglês), mas achei algo assustador e fantástico! Então ele foi até o apartamento dele e retornou com quadro LPs: Song Remains The Same, Diamond Dreamer, Made in Europe e The Number of The Beast. Foi amor à primeira "ouvida" e que dura até os dias de hoje.
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ResponderExcluirFundamental para a formação da minha cultura musical.
ResponderExcluirAlém do rock'n'roll clássico, uma infinidade de estilos musicais habitavam o dial 94,9 fm: Postpunk, punk, metal, hardcore, crossover, dark, gótico, new wave, new romantic, mod, surf music, two-tone, ska, reggae, blues, música brasileira e rock nacional independente, jazz... Caras como Maurício Valladares e J. R. Marr garantiram mais ecletismo e contemporaneidade, aliado à base sólida de rock e a notória independência da emissora, princípios construídos na concepção da Maldita por seus fundadores, como o Luiz Antônio Mello. As locutoras com suas lindas vozes, cheias de personalidade foram uma grande marca também.
Fui um ouvinte desde as primeiras horas, sem ter completado ainda os 12 anos na época, pois sempre fui amante do rock, desde mais criança. Primeiro Elvis, Beatles, glitter rock, Rod Stewart, Zeppelin etc aos 6, 7 anos. Depois Police já no fim dos 70 e início dos 80, pré- Flu-fm. E com a Fluminense FM esse horizonte se ampliou muito pra mim.
Cheguei a ir na emissora, para receber prêmios das promoções, ainda em meados dos anos 80. E, muito tempo depois, no breve retorno da Maldita, só que na AM nos anos 2000, para participar de entrevista com a minha então banda, Mandril.
Muitíssimo grato a todos os envolvidos!