Dorsal Atlântica e os primórdios do metal no Brasil, Parte IV
Ainda sob o viés espiritualista, o próximo disco Alea Jacta Est, foi gravado em BH pela Cogumelo Records. O álbum teve como tema
a história de Cristo adaptada para o
Rio de Janeiro, pois se tratava de um Cristo
negro que morava na favela. Além disso, teve sua crucificação com transmissão
simultânea para diversos países por se dizer ‘o salvador’. Fechando a trilogia, o nome remete a uma frase
do político e militar romano Júlio César,
que significa: ‘A sorte está lançada’.
Entre as músicas do disco estão:
Thy Kingdom Come, que tem um riff de guitarra na introdução
digno de um bom clássico do rock. A música é um dos maiores clássicos da banda.
Ela narra a história do Cristo negro, chamado de Black Angel. O clipe da música
chegou a ser censurado por exibir seios femininos, que na verdade eram de um
transexual.
Outros destaques são as músicas: Straithgate , uma bela porrada; Raise
The Dead e Human Rights, que
narra a desconfiança do povo sobre o Cristo negro ser ‘o salvador’ e faz uma
crítica à mídia, chamando-a de ‘vampiros’;
Take Time, foi uma música que gerou um clipe, e que lembra
bastante os acordes nervosos dos Ramones.
Destaque para a magnitude e sofisticação de Last
Act, com um arranjo com pausas e mudanças que resultaram no clima certo
para o tema abordado, sem contar com o ótimo arranjo de bateria, que traz uma
boa dose de criatividade.

(Revista Dynamite. Desenhos de Carlos Lopes)
O disco levou a banda a participar do primeiro festival de música independente internacional (BHRIF),
organizado pela prefeitura de BH, sendo muito bem recebidos pelo público. No
show o roadie da banda entrava no palco interpretando o Cristo negro carregando
uma cruz e quebrando-a no palco, ato que servia como um protesto contra o
racismo.
Segundo Carlos Lopes:
“Quebrar a cruz significava se libertar da cruz imaginária e entrar de cara e
coragem no mundo real da cruz que liberta: a Liberdade de Expressão!”
(Revista Bizz)
Segundo Carlos, Omnisciens, disco tributo a banda, foi
o que deu um gás extra para renovar as forças, em um período no qual o baixista
e irmão Cláudio Lopes passava por sérios problemas pessoais.
Primeiro tributo a uma banda de metal brasileira, o disco
foi o único até então prestado a uma banda ainda em atividade. O tributo contou
com a participação de 13 bandas de todas as regiões do Brasil, interpretando as
melhores músicas que marcaram toda a carreira da banda. Feito por Juma, integrante da banda Genocídio, o encarte é uma obra de arte
a parte, e ilustra toda a profundidade, originalidade e qualidade da banda.
“Em meio a crises encontramos a oportunidade para evoluir”,
uma frase muito difundida por aí e que faz pleno sentido, ainda mais se
tratando da banda em questão. Aproveitando as dificuldades pelas quais
passavam, (as sumidas do baixista e dificuldades financeiras, por exemplo), o
próximo disco, Straight, surgiu para
dar uma fortalecida nas idéias da banda e uma aprimorada ainda maior na
qualidade sonora. O disco é ainda mais brutal e elaborado do que o anterior,
provando a incrível qualidade musical da banda e a capacidade de seus músicos.
Segundo a revista Strike
Magazine, foi o trabalho mais atípico por eles gravado, uma mistura feroz
de punk/HC no estilo britânico do Exploited das antigas, uma autêntica aula de
porradaria musical.

Um
das idéias de Carlos para dar um
passo a mais foi a gravação do disco no exterior. Sem o financiamento inicial
da gravadora e com a ajuda dos amigos, convidaram para se juntar ao time, o
baixista Ângelo (ex Erosive Exumation e atual Gangrena Gasosa), voando para a
Inglaterra para realizar a gravação. O disco contou com a participação de Rat da banda Varukers. A passagem pela Europa ainda rendeu uma turnê de oito
shows em Portugal.
(Revista Slammin')
(Fonte desconhecida)
A banda recebeu uma homenagem da banda Ratos de Porão, que batizou
seu disco de Carniceria Tropical em
homenagem a música Carniceria da Dorsal. Segundo João, em uma entrevista
para a revista Rock Press, “Straight era o CD mais foda de uma banda
brasileira até o momento em que gravamos nosso Carniceria”.
Segundo Guga, João Gordo chegou inclusive a escrever
uma carta de próprio punho, dizendo o quanto o disco era incrível.
Monstros do rock
No ano de 97 houve um abaixo-assinado com 35.000 assinaturas
realizado pelas revistas Slammin’ e Metal Head pedindo a participação da
banda no Monsters of Rock no Brasil,
(que acabou não acontecendo), e em 1998 finalmente a banda foi escalada para
tocar no festival, juntamente com Korzus,
Glen Hughes, Manowar, Savatage, Megadeath, Dream Theater, Slayer e Saxon; provando
que não deixavam a desejar para as grandes bandas do metal mundial.
A banda, inclusive, deixou Glen Hughes com medo de entrar no palco, por temer não apresentar
um show tão pesado quanto as outras bandas do festival. Segundo Carlos, Hughes os batizou como “The
Rotten Ones”, (Os Podres), em função da ‘delicadeza’ da música que tocavam.
Em 97, a banda participou do CD-EXPO, no Riocentro (RJ) e do
Expo-Alternative,no Anhembí (SP).
Segundo Carlos,
“Estávamos muito felizes com tamanha conquista, mais foi só. Não dava para
esquecer, de uma hora para outra, que a cena brasileira continuava
desorganizada, sem clubes de rock para podermos simplesmente trabalhar”.

Ainda em 98, lançaram a versão européia de Straight.
Dando continuidade ao trabalho, em 99 decidem lançar o CD ao
vivo: Terrorism Alive, e a biografia
da banda: Guerrilha! A história da Dorsal
Atlântica, escrita por Carlos.

Alguns relançamentos e coletâneas lançadas entre 2006 e
2011:
DIVIDIR & CONQUISTAR (com bônus), SEARCHING FOR THE LIGHT (com bônus),
TERRORISM ALIVE (com bônus), ULTIMATUM (com bônus-tracks), HEAVY RECORDS 25
ANOS (coletânea).
(Fonte: site oficial http://www.dorsalatlantica.com.br/#)
Através de uma campanha de financiamento coletivo, a banda
se reuniu com sua formação clássica em 2012, e lançou o cd (2012).
Alexander Aguiar resolveu iniciar um projeto para a criação
de um documentário sobre a banda, chamado GUERRILHA! Durante
o processo de concepção do filme, o atual diretor Alexandre, enfrentou inúmeros problemas que envolviam a insatisfação perante os resultados
das tentativas de montagem do mesmo. O filme foi exibido algumas vezes para um
público pequeno, sem que o diretor ficasse satisfeito com o resultado.
Após esse período, realizaram mais uma vez uma campanha de
financiamento coletivo bem-sucedida para a finalização do filme, e no momento
atual aguardam o lançamento e prensagem do filme.
(Mais informações no site http://www.dorsalatlantica.com.br)
Em dezembro de 2015, lançaram a campanha no site Catarse para
arrecadar fundos para realizar uma HQ feita por Carlos, contando a história da
banda.
“Muito além de quadrinizar “Guerrilha!”(a biografia sobre a
Dorsal), o projeto traduz em imagens e reflexões uma nova visão à saga de
jovens artistas brasileiros em busca de um sonho.”
A campanha estará disponível até 6 de fevereiro de 2016.
O leitor que quiser participar e colaborar a continuar
escrevendo a história da banda, clique em:

Vocês teriam esses quadrinhos da revista Dynamite em melhor resolução? não dá para ler...
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