Duchamp destruiu a arte

Todo mundo gosta de ver exposições sobre o impressionismo, ou cubismo, surrealismo. Mas e a arte do nosso tempo? Alguém gosta, ou entende alguma coisa?

Não, voce não é ignorante por não apreciar essa arte, muito menos deixa de ser inteligente.  O que aconteceu é que em um certo momento da história, um homem conhecido como Duchamp, colocou um urinol em um museu como protesto contra a forma de arte até então instaurada, e criou o conceito de que qualquer objeto colocado dentro de um museu poderia ser chamado de arte, com o objetivo de desmitificar a beleza plástica das obras. Essa atitude distorceu os limites das artes plásticas e vulgarizou uma arte nobre, até então feita por poucos que demostravam um talento fora do comum. Desde então, arte conceitual de Duchamp foi explorada além da conta, afinal era um idéia pra fazer as pessoas pensarem sobre o futuro da arte, o que originou justamente movimentos contestadores e originais como a pop art e o surrealismo, mas não foi criada para ser repetida o século todo como os artistas contemporâneos vem fazendo. A arte que surge daí, com exceção dos movimentos plasticamente relevantes, no meu ver está mais pra filosofia do que para arte, já q o q importa é o conceito e não tanto o objeto em si. No meu ver não tem relevância como artes plásticas, talvez como filosofia. Ainda sim, nos dias de hoje, estamos repetindo um velho modelo do século passado, onde essa busca incessante e interminável da superação do que já foi feito já não tem mais pra onde seguir. Com a continuação desse conceito sem cabimento a transgressão já está virando regra, e o tradicionalismo exceção. Arte antes de tudo é pra ser entendida, senão não cumpre seu papel de comunicar, e além disso sempre teve como base fundamental a estética plástica, o que não é nem um pouco pejorativa, se o conteúdo for relevante.


É incrível pensar que um simples urinol poderia desencadear atos bizarros como esses:

(trechos do livro " arte contemporânea, uma história concisa").

" As performances do americano Vito Acconci (1940-) exploravam um território similarmente intenso: ele mordia a si mesmo, esfregava-se contra a parede, deitava-se sob uma plataforma e se masturbava enquano fantasiava sobre as pessoas que ouvia caminhando acima dele ou tentava distender seu tórax no formato 
de um busto. Em ENFEITES (1971), passou três horas vestindo seu pênis com roupas de boneca e falando com ele "como um colega de folguedos"(...). 

" Schwarzkogler faleceu em 1969, e, na época em que seu trabalho se tornou mais amplamente conhecido graças a exibição na DOCUMENTA V em 1972, os boatos tinham transformado aquela ação e sua morte num só evento. O crítico Robert Hughes escreveu que Schwarzkogler era o "Vincent Van Gogh da BODY ART", que "procedeu, centrímetro por centrímetro, à amputação de seu próprio pênis, enquanto um fotógrafo registrava o ato como evento artístico"".

Em um outro caso, um artista chamado GUILLERMO VARGAS, pegou um cachorro de rua e amarrou o bichinho num canto de parede numa capital da Nicaragua e deixou morrer de fome e de sede. Já o "chamado artista" , CILDO MEIRELES, nos anos 70, queimou galinhas vivas em protesto contra a ditadura. 

Diante disso, coloco algumas questões:

-Será que os estudantes de arte não tem a responsabilidade de discutir a validade de atos extremos como esses, que são considerados como arte por alguns?

-E os que não são estudantes, mas admiradores da arte, será que atos como estes não afastam cada vez mais os espectadores dando cada vez menos credibilidade a arte contemporânea?

-E será que Podemos considerar arte algo que não é compreendido pelo público, peça fundamental para que a arte aconteça?

Ferreira Gullar falou em uma entrevista de forma muito coerente sobre o assunto, confira alguns trechos abaixo:


(Link da entrevista na íntegra http://lounge.obviousmag.org/marcelo_vinicius/2013/01/a-arte-contemporanea-segundo-ferreira-gullar.html).

"Ferreira Gullar diz que, ”em resumo, o principal problema da arte contemporânea é que se confundiu expressão com arte. Perdeu-se a noção de que uma coisa pode ser expressiva sem ser arte. Por exemplo: se eu dou um grito, isso é expressão, mas não é arte. Para que esse grito se torne arte, é preciso que eu o 
transforme num poema, ou que um pintor como E. Münch faça um quadro como "O Grito", em que aquilo vira uma obra plástica. Se eu me sentar no chão em cima de terra, mesmo que seja no museu, não é obra de arte. Pode ser uma atitude, uma performance adotada como protesto, como manifestação, mas não é obra de arte.”

"Nesse caso, onde todo mundo pode fazer arte, acaba se resumindo na questão de uma falsa liberalidade que não tem valor algum, porque é mentirosa. De fato, se você admite que qualquer um pode fazer arte, pode parecer que sua visão é igualitária. Mas as pessoas não são iguais, elas têm direitos iguais".

"Acontece que a Bienal praticamente não tem mais expressão alguma. É moribunda, está se autodestruindo. Aceitar esse tipo de coisa é autodestruição"

Recomendo um filme super crítico e cômico sobre o assunto:

                                           Untitled




  






Comentários

  1. CCDB Livros, seção de http://www.ccdb.gea.nom.br é o único lugar onde se podem ler os livros de minha autoria. Entre eles, a obra-mestra se chama "Géa". Nessa obra, que entre outros predicados contém um léxicon duas vezes o de William Shakespeare em toda a sua obra e seis vezes o de Camões em "Os Lusíadas", aparece a "biorrelatividade" do personagem Clausar. A biorrelatividade dá a resposta à questão apresentada nesta página e permite estabelecermos uma escala de valores para cada coisa e para tudo. Confira, lendo "Géa"! Cláudio César Dias Baptista - CCDB

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  2. "a transgressão já está virando regra, e o tradicionalismo exceção"... ótima frase, resume rapidamente o que poderia dar um livro sobre o assunto. Muitos dos supostos "artistas irreverentes" (em qualquer ramo da arte) perderam a função de protesto, partiram simplesmente pra a agressão gratuita, pra o sensacionalismo, com a intenção de se auto promoverem. O conceito do belo na arte está meio perdido ultimamente.

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  3. Como sou formado em Design Gráfico eu vi isso bem de perto.

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  4. Infelizmente esse protesto estético de Duchamp abriu um portal para que gente sem noção alguma pudesse arvorar-se de artista.

    De fato, temos visto diversas distorções nesse sentido e já passou da hora de romper-se essa possibilidade da idiotia absoluta ser confundida com arte de vanguarda.

    A propósito, adorei o trailler do filme proposto pelo Blog.

    Pelo seu teor, dá para deduzir que o filme bate duro nesse conceito.

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