Mais uma vez tenho prazer de postar um texto do meu amigo Luiz Domingues, que já fez parte de bandas lendárias como A Chave do Sol e Patrulha do Espaço. Dessa vez o texto é sobre o jornal O Sol, que na década de 60, contava com a colaboração de várias cabeças pensantes. O assunto é mais do que pertinente, já que o blog Limonada Hippie abre espaço para aqueles com a mesmas idéias que nós, possam se expressar. Sem dúvida o jornal O Sol nos serve de inspiração nesse momento. Se você está a fim de expressar suas idéias, e elas forem parecidas com as nossas, mande-nos textos e participe do blog Limonada Hippie também!
Sem Lenço, nem Documento, mas com o Sol nas Bancas de Revista !
Foram naquelas noites de outubro de 1967, que o mítico Festival de MPB da TV Record deu abertura para que a explosão tropicalista desse seus primeiros sinais de vida, através de Gilberto Gil e Caetano Veloso, principalmente.
Específicamente Caetano, defendeu a música "Alegria, Alegria", chocando puristas, retrógados & caretas de plantão, evocando em sua letra, imagens que remetiam à uma nova ordem poética para uma letra musical. Entre tantas colagens de Art-Pop, num famoso trecho diz : "O Sol se reparte em crimes, espaçonaves, guerrilhas...
E noutro trecho, diz : "O Sol nas bancas de Revista..."
Essa referência de duplo sentido, fazia menção à existência do jornal alternativo, "O Sol".
Lançado em setembro de 1967, como uma experiência de Jornal-escola, pelo jornalista Reynaldo Jardim, tinha como objetivo inicial recrutar estudantes universitários dos cursos de ciências sociais, história, letras e comunicação.
Mas o que era para ser algo meramente estudantil, ganhou rápidamente uma proporção enorme, angariando simpatia de jornalistas tarimbados, escritores, músicos, cineastas, gente do meio teatral e claro, os universitários.
Evidentemente que a época efervescente era muito propícia para tal ebulição consagradora. Com a ditadura de 1964 começando a endurecer para valer, Guerra fria pegando fogo (com o perdão do trocadilho infame), corrida espacial, movimento Hippie, Festivais de MPB polemizando posições políticas, Guerra do Vietnam...ufa...nada melhor que estar na década de sessenta para fazer todo o sentido.
Gente de peso do jornalismo se tornou colaborador. Heitor Carlos Cony, Ziraldo, Zuenir Ventura, Arnaldo Jabor etc. Fora Chico Buarque, Ruy Castro, Hugo Carvana, Bete Faria, Ítala Nandi e Gilberto Gil que também estiveram em suas páginas.
Para se ter ideia de sua ousadia editorial, quando a imprensa mainstream anunciou a morte de Che Guevara, O Sol colocou em sua manchete :
"Che Guevara pode estar vivo". Lançava dúvida sobre o ocorrido, ou ironizava os reaças de plantão ?
Em seu auge, chegou a emplacar 70 mil exemplares diários, um número impressionante para o que era para ser apenas um jornal laboratório para estudantes.
Em suas páginas, O Sol tratava de cultura, política e atualidades, sobretudo.
Com a chegada do AI-5, os tempos de chumbo chegaram com tudo e a iluminação libertária proporcionada pelos raios do Sol apagou-se, lamentavelmente.
De suas cinzas nasceu "O Pasquim", criado por ex-membros de O Sol e certamente deu continuidade à proposta.
Lançado em 2006, o documentário "O Sol, Caminhando contra o Vento" conta essa trajetória bonita. Dirigido por Tetê Moraes e Martha Alencar, teve rápida temporada no circuito alternativo de cine-clubes e exibição no Canal Brasil, da TV a cabo.
Recomendo assisti-lo, pois é um documento raro sobre essa trajetória curta, porém marcante desse periódico alternativo.
Sem Lenço, nem Documento, mas com o Sol nas Bancas de Revista !
Foram naquelas noites de outubro de 1967, que o mítico Festival de MPB da TV Record deu abertura para que a explosão tropicalista desse seus primeiros sinais de vida, através de Gilberto Gil e Caetano Veloso, principalmente.
Específicamente Caetano, defendeu a música "Alegria, Alegria", chocando puristas, retrógados & caretas de plantão, evocando em sua letra, imagens que remetiam à uma nova ordem poética para uma letra musical. Entre tantas colagens de Art-Pop, num famoso trecho diz : "O Sol se reparte em crimes, espaçonaves, guerrilhas...
E noutro trecho, diz : "O Sol nas bancas de Revista..."
Essa referência de duplo sentido, fazia menção à existência do jornal alternativo, "O Sol".
Lançado em setembro de 1967, como uma experiência de Jornal-escola, pelo jornalista Reynaldo Jardim, tinha como objetivo inicial recrutar estudantes universitários dos cursos de ciências sociais, história, letras e comunicação.
Mas o que era para ser algo meramente estudantil, ganhou rápidamente uma proporção enorme, angariando simpatia de jornalistas tarimbados, escritores, músicos, cineastas, gente do meio teatral e claro, os universitários.
Evidentemente que a época efervescente era muito propícia para tal ebulição consagradora. Com a ditadura de 1964 começando a endurecer para valer, Guerra fria pegando fogo (com o perdão do trocadilho infame), corrida espacial, movimento Hippie, Festivais de MPB polemizando posições políticas, Guerra do Vietnam...ufa...nada melhor que estar na década de sessenta para fazer todo o sentido.
Gente de peso do jornalismo se tornou colaborador. Heitor Carlos Cony, Ziraldo, Zuenir Ventura, Arnaldo Jabor etc. Fora Chico Buarque, Ruy Castro, Hugo Carvana, Bete Faria, Ítala Nandi e Gilberto Gil que também estiveram em suas páginas.
Para se ter ideia de sua ousadia editorial, quando a imprensa mainstream anunciou a morte de Che Guevara, O Sol colocou em sua manchete :
"Che Guevara pode estar vivo". Lançava dúvida sobre o ocorrido, ou ironizava os reaças de plantão ?
Em seu auge, chegou a emplacar 70 mil exemplares diários, um número impressionante para o que era para ser apenas um jornal laboratório para estudantes.
Em suas páginas, O Sol tratava de cultura, política e atualidades, sobretudo.
Com a chegada do AI-5, os tempos de chumbo chegaram com tudo e a iluminação libertária proporcionada pelos raios do Sol apagou-se, lamentavelmente.
De suas cinzas nasceu "O Pasquim", criado por ex-membros de O Sol e certamente deu continuidade à proposta.
Lançado em 2006, o documentário "O Sol, Caminhando contra o Vento" conta essa trajetória bonita. Dirigido por Tetê Moraes e Martha Alencar, teve rápida temporada no circuito alternativo de cine-clubes e exibição no Canal Brasil, da TV a cabo.
Recomendo assisti-lo, pois é um documento raro sobre essa trajetória curta, porém marcante desse periódico alternativo.
Gostei desse texto. Eu adoro essa musica: Alegria, Alegria. Para mim ela é um hino. Ela e Geléia Geral. Não sabia desse detalhe sobre o sol.
ResponderExcluirExcelente !!
ExcluirEu e a Fernanda Valente ficamos contentes por você ter lido, curtido e comentado.